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sábado, 1 de outubro de 2016
sábado, 3 de setembro de 2016
quarta-feira, 20 de abril de 2016
quarta-feira, 30 de março de 2016
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
Texto - A insônia do escritor
A insônia do escritor
Estou
sozinho. São duas e cinquenta e quarto da manhã, assim me informa o despertador
sobre o criado-mudo. Meu corpo deitado na velha cama descansa de um dia exaustivo. O sono distancia-se cada vez mais. Não consigo fechar os olhos; os
pensamentos são vazios e não entendo essa situação. Os cães estão uivando lá
fora. Os gatos vadiam sobre o telhado, acasalando-se desesperados. A velha
camisa, suada, está pendurada atrás da porta. A janela, entreaberta, deixa o
vento fresco, que suavemente balança as copas das árvores. Meus lábios estão
ressecados. A língua colada no céu da boca. Vou levantar-me. A cama já não me
atrela como há duas horas quando, depois da noite anterior em claro, vim a
deitar-me pela primeira vez. O chão está frio. O corpo arrepia-se. Procuro meu
chinelo; não o encontro. Não estou plenamente recuperado; o cansaço e a fadiga
estão presentes em meus músculos e mente. Depois de alguns passos, chego à
porta do quarto. Tateio à procura do interruptor. Encontrei. A lâmpada acende e
rasga meus olhos com uma intensa claridade. Faço isso por duas vezes antes de
chegar à cozinha. Percebo que o ambiente não está apropriado para receber
visitas – roupas espalhadas, livros e papéis por todos os lados, restos de comida
sobre a mesinha da sala e muitas garrafas vazias. Minha barba e cabelo estão
compridos. Abro a geladeira. Tenho poucas opções, há tempos não vou ao
supermercado. Água em abundância, algumas folhas, que de tão velhas, estão
murchas, um pouco de queijo, uma panela com arroz da semana passada e uma
conserva de palmito. Não há sólido interessante para colocar no estômago, então
bebo um copo com água. Continuo a procurar algo para comer. A insônia persiste.
Abrindo os armários deparo-me com muitas latas, dos mais variados tipos de
alimento – ervilha, milho, doce, palmito, cogumelos, cenoura, beterraba, etc. –
tudo em conserva! Não recordo o dia em que foram parar ali. Porém, além das
conservas, há garrafas - e não são poucas. A sede ainda é intensa, não mais por
água; é uma sede diferente. Então, abrindo qualquer uma dos recipientes
contendo exclusivamente líquido, passo a apaziguar essa sede. O gargalo é meu
copo. O relógio marca quatro e dezessete da manhã. A garrafa, já meio vazia,
repousa sobre o chão frio e sujo da cozinha. Estou sentado, recostado na
parede. A garrafa e uma lata fria de sardinha são minhas companhias. O olhar é
vago. A cozinha um dia foi um ambiente aprazível. Continuo sentado. Ouço a som
da trepidação dos pneus dos carros passando sobre o calçamento em frente a
minha casa. Ora passam em silêncio, ora buzinam para os cachorros. Mais uma vez
viro a garrafa. O odor da sardinha empesteia a cozinha. Minhas narinas não
diferenciam nenhum outro ativador sensorial olfativo – apenas o clássico cheiro
de sardinha em lata. A garrafa está quase vazia. Os meus olhos estão ficando
cada vez mais pesados. Minha língua está entorpecida e dormente. Minhas pernas
não respondem; meus braços adormecidos. Meus ouvidos ficam a cada segundo mais
distantes. Os lábios inquietos. Minha
mente entra num vazio profundo. Não é sono. É algo mais profundo, como uma
anestesia. Os olhos não suportam o peso que viera a atormentá-los. Fecham-se. O
corpo não sustenta e cai lateralmente. O silêncio é assustadoramente
perturbador. São três e quarenta e dois da manhã. Apenas o som das teclas do
computador pode ser ouvido nessa madrugada.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Tarde de Verão
Tarde de Verão
Hoje,
uma tarde fria de uma sexta-feira pacata, caminho sossegado entre as árvores e
bancos do Jardim Botânico. Há uns trinta metros, logo à frente, entre o
ipê-roxo florido e a quaresmeira solitária, eu observo um casal, aparentemente namorados.
Os dois parecem felizes. Ora trocam carícias, ora caem na gargalhada. Continuo
a observá-los. O local está quase vazio, não é para menos – a temperatura é de
22 ºC! Um pequeno roedor para em minha frente. Alimento-o com alguns biscoitos
que trouxe no bolso da jaqueta. O vento frio sopra. Voltando os olhos para o
jovem casal, vejo que os dois se olham ternamente, com uma docilidade e
inocência que fica difícil conter a emoção. O roedor em minha frente, mal
acabara de consumir o primeiro biscoito, quando escuto o som estridente das
maritacas. Lanço o segundo e último biscoito ao chão. O raquítico animal o
devora abruptamente, como se pressentisse que algo ruim estivesse próximo a
acontecer e corre. O frio é de aplacar, e depois de uma hora sentados, os
jovens continuam abraçados e cochichando ao pé do ouvido um do outro. Não há
uma alma viva, exceto roedores, pequenos répteis e anfíbios que transitam, ora
freneticamente, ora lentamente. Lembro-me saudoso do calor das tardes de verão,
quando há crianças correndo por todos os lados, balões coloridos, picolés
gigantes, pirulitos caricatos, pipoca doce e salgada, risos alegres e
algazarra; macacos-prego, saguis e guaxinins por todos os lados, tucanos
exóticos e, até, raríssimas araras! Porém, hoje todos se esconderam. A
temperatura é de uns 20 ºC. Continuo a observar os jovens, agora, sem nenhuma
distração. Estou esperando os dois se levantarem para que eu possa seguir meu
caminho. Por um instante noto que uma lágrima cai dos olhos da menina e escorre
pelo seu rosto singelo e límpido. O rapaz afaga sua face, como se quisesse
aliviá-la de algum tormento ou dor. Parece que conversam sobre algo importante,
pois os olhos fitados não dão margem para distrações, nem mesmo para as flores
que caíam do ipê-roxo. Eles entrelaçam as mãos, dando a entender que irão
levantar-se. Nada. Simplesmente queriam aumentar à superfície em contato de
entre ambos! A temperatura continua a diminuir. Já não consigo suportar o vento
gélido no meu rosto. Estou prestes a levantar-me e partir, quando, num
instante, sou tomado por um medo incontrolável e incomum que paralisa meus
músculos; o tempo torna-se lento demais e já não percebo os movimentos rápidos
das copas dançando ao sabor do vento; as folhas caídas ao chão, varridas pela
brisa congelante. O jovem casal parece cada vez mais distante e inerte. Meu
corpo não responde e o coração, na contramão, bate desesperadamente. Perco os
sentidos a cada segundo que se passa se é que posso falar em segundos, já que
não percebo o tempo. Os jovens ficam cada vez mais distantes dos meus olhos; as
árvores distorcidas, os bancos e ladrilhos no chão misturam-se em um balé
cósmico colossal. Com minhas últimas forças, fecho os olhos rapidamente. E,
como o grito de um guerreiro liderando a frente de batalha, o céu emite um
poderoso, estrondoso e ecoante trovão! Vou abrindo os olhos lentamente, bem
devagar. Estou em meu quarto, deitado em minha cama, em plena sexta-feira, numa
tarde de verão. A temperatura é 38 °C.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
sábado, 23 de janeiro de 2016
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
domingo, 17 de janeiro de 2016
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
sábado, 9 de janeiro de 2016
quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
domingo, 3 de janeiro de 2016
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
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